O exercício da liderança cristã impõe uma consciência ética.
Edgar
Morin fala de uma autoética, que gera a responsabilidade
de si para si, ou seja, a consciência ética interior do indivíduo, que não está subordinada a qualquer princípio exterior,
mas a sua própria interioridade. essa autoética inclui uma autovigilância que Morin chama de autocrítica.
de si para si, ou seja, a consciência ética interior do indivíduo, que não está subordinada a qualquer princípio exterior,
mas a sua própria interioridade. essa autoética inclui uma autovigilância que Morin chama de autocrítica.
O líder
cristão deve submeter suas próprias intenções, decisões e ações a uma
autoavaliação para não se desviar do alvo implícito na sua própria vocação para
a liderança. sem essa vigília permanente de autoética o líder perde sua própria
liberdade, torna-se servo das circunstâncias e ao invés de liderar, passa a ser
dominado pelos fatos que deveria conduzir, perdendo a autoridade de líder. se o
líder não tiver confiança na sua própria vontade, será impossível para ele
levar cada liderado a ter vontade de realizar sua parte no trabalho.
Paulo
tinha essa percepção ao dizer: “e todo aquele que luta, exerce domínio próprio
em todas as coisas [...], pois eu assim corro, não como indeciso, assim
combato, não como batendo no ar, antes subjugo o meu corpo e o reduzo à
submissão para que, depois de pregar aos outros, eu mesmo não venha a ficar
reprovado” (1 co 9.25-27). a responsabilidade do líder cristão
de si para si tem como aferidor a voz do espírito que lhe fala através da
palavra.
Além de manter em vigília sua autocrítica, o líder cristão deve
receber e avaliar com humildade as críticas de fora, sem o que ele se torna um
ditador ao invés de ser apenas o ajuda dor, o conselheiro dos seus liderados. o
líder cristão deve entender que tem a missão de liderar sem jamais se esquecer
de que cada liderado tem também a sua missão a cumprir e a função do líder é
capacita-lo e ajuda-lo a se tornar feliz por bem cumprir a sua parte.
Manda
a ética da liderança cristã que o líder não exija dos liderados mais do que
está disposto a exigir de si mesmo. é muito ilustrativa a atitude de Abimeleque,
que encontramos em juízes 9.48. “então Abimeleque subiu ao monte Zalmon, ele e
todo o povo que com ele estava; e tomando na mão um machado, cortou um ramo de
árvore, e levantando-o, pô-lo ao seu ombro e disse ao povo que estava com ele:
o que me vistes fazer, apressai-vos a fazê-lo também”. o povo seguiu o exemplo
do seu líder e a vitória foi conquistada. os liderados não seguem o discurso do
líder, mas a vida que ele vive.
Ele é o exemplo e aqui começa a ética da liderança. se o
professor da classe for pontual, os alunos serão pontuais. Se o líder for
liberal em suas ofertas, os liderados serão também liberais. o líder não pode
esperar que seus liderados se dediquem à oração e à leitura da bíblia, se ele
mesmo não o faz. O líder pode apelar para que seus liderados evangelizem, façam
discipulado, pode até treiná-los, mas se ele mesmo não evangeliza, não tem como esperar que os liderados o façam.
DOZE PRINCÍPIOS DE
ÉTICA PARA A LIDERANÇA CRISTÃ
Vamos colocar em ordem alguns princípios éticos da liderança. o
líder cristão:
1. DELEGA RESPONSABILIDADES. como
fez Moisés seguindo o conselho de seu sogro Jetro (êx 18.19-22). isso
significa: a) instruir os liderados com clareza e objetividade sobre a tarefa
de cada um (versículo 20); b) acompanhar o trabalho dos liderados; c) cobrar
resultados, não com severidade de “chefe”, mas com a docilidade de companheiro;
d) assessorar e orientar cada liderado na execução da sua tarefa pessoal.
2. MULTIPLICA A GLÓRIA DO SUCESSO. (rm
13.7). ele não busca sua própria glória, mas reconhece o mérito do
trabalho de cada liderado e multiplica a glória por todos.
3. DIVIDE AS ATENÇÕES POR IGUAL. (tg
2.9). o líder cristão não mantém preferências entre os seus liderados, mas
trata a todos com igual cuidado. primeiro, porque é comum liderados quererem
uma atenção diferenciada para suprir sua vaidade ou para tirar proveito
pessoal. quem se coloca mais perto do poder tira mais proveito do poder.
segundo, ao eleger preferidos no grupo de liderados, o líder passa a ter uma
visão distorcida da sua liderança e o seu relacionamento com o grupo fica
prejudicado.
4. IDENTIFICA-SE COM OS LIDERADOS. (2
co 11.29). não se sente magoado nem agredido pelo sucesso de qualquer um
dos seus liderados, mas se alegra com as vitórias deles, reconhece-as e usa-as
como estímulo a todos os demais. a “sombra” de um liderado não amedronta o
líder que tem consciência do seu próprio valor.
5. PROMOVE A UNIÃO ENTRE OS LIDERADOS. (1
co 1.10). não fomenta a formação de grupos ou facções. “dividir para
governar” não faz parte da sua estratégia de liderança porque o sentimento que
o domina é o amor e o amor nunca divide, mas soma.
6. MANTÉM UMA COMPOSTURA DE HUMILDADE. (fp
2.3). jamais demonstra uma atitude de soberba, de “nariz empinado” por
causa da posição que ocupa, mas tem sempre em mente que, na função de
liderança, é apenas o servo que recebeu a missão de liderar.
7. DIVIDE A CULPA PELO FRACASSO. (gl
6.2). o líder cristão não acusa seus liderados pelo insucesso de qualquer
fase da missão, mas assume sempre sua parte na culpa dos erros cometidos. “se
eu fosse melhor líder, não haveria erros”, é o que ele pensa.
8. APRIMORA-SE CADA VEZ MAIS. (2
tm 2.1,2). não se preocupa apenas em aprimorar os seus liderados para o
bom desempenho da missão de cada um, mas a si mesmo procura aperfeiçoar-se nas
qualidades da sua liderança.
9. TRANSFORMA AS CRÍTICAS EM DESAFIOS. (2
co 10.10-16). sabe que não está isento a críticas, que podem ser
dirigidas a sua própria liderança ou a um dos seus liderados. sua atitude deve
ser: ouvir as críticas com humildade, avaliá-las com isenção de ânimo, não
considerá-las como ofensas e não quedar-se amargurado, irado, mas transformar
as críticas em desafios para maior crescimento espiritual e melhor
desempenho da sua missão, começando por orar em favor de quem fez a crítica.
10. CONHECE OS LIDERADOS. (1
tm 5.1-3). o líder cristão procura conhecer os seus liderados, e
ajudá-los a progredir cada um conforme as peculiaridades da sua personalidade.
embora os liderados tenham uma missão em comum, cada um deles é um indivíduo
diferente de todos os demais e assim deve ser tratado pelo líder.
11. RESPEITA SEUS LIDERADOS. (1
tm 4.12). é um exemplo em tudo. preocupa-se em jamais faltar a um
compromisso com seus liderados, a não ser por motivo de força maior, do que
lhes dará pronto conhecimento. jamais comparece a qualquer compromisso depois
do horário combinado.
12. AMA SEUS LIDERADOS, SEGUINDO O
EXEMPLO DO MESTRE (jo 13.1). a autoridade sem amor degenera-se em
autoritarismo. os liderados não devem obedecer ao seu líder por medo, mas por
amor (1 jo 4.18).